sábado, 19 de novembro de 2011

Situando-se no plano ético, a Declaração Universal da Unesco num a Diversidade Cultural, adotada em 2 de novembro de 2001 , reconhece a diversidade cultural como patrimônio comum da humanidade. Assim, a luta para a proteção e a garantia das culturas ameaçadas transforma-se em dever de cidadania. Esta posição explica-se pelo fato de que a comunidade científica tomou consciência do risco da uniformização da cultura numa sociedade da informação mesmo que isso permita teoricamente a manifestação da diversidade cultural. Na verdade, as tecnologias da informação e da comunicação, longe de serem apenas ferramentas, modelam nossas formas de pensar e de criar. A cultura torna-se, por isso, habitada pela tecnologia, dialogando com ela, por vezes contendo-a, e deixando-se, frequentemente, elaborar por ela. Esta situação cria uma desigualdade e uma dependência da cultura voltada para a tecnologia e impede a manifestação da diversidade cultural tão necessária à sociedade do conhecimento . Numerosos observadores afirmam portanto que a tecnologia deixou na sombra uma boa parte da população, excluiu que continua a viver conforme os princípios da natureza, aquela que não acredita no Estado, mas no poder dos ancestrais, aquela que não acredita na ciência mas no saber tradicional. A diversidade cultural inscreve-se assim numa lógica que considera que existem outras maneiras de pensar, de existir, de trabalhar, que não seja a maneira moderna, centralizada no homem e na razão. Realmente, se a ciência e a tecnologia são facilmente comunicáveis, serà que todas as culturas estão prontas para aceitar o formalismo matemático que se encontra à base da construção das tecnologias e de sua utilização? No contexto do debate sobre a edificação da sociedade da informação, esta adaptação passa, bem entendido, pela diversificação dos conteúdos, ou seja, a coabitação dos conteúdos ditos clássicos e aqueles que se originam de culturas minoritárias, de saberes locais e autóctones . Mas como integrar as culturas e os saberes autóctones sem generalizá-los, nem particularizá-los? Como validá-los com a ajuda de critérios exógenos?

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